November 25, 2008

. swallowed in the shadows that glow .


Como se um revólver apontasse na sua direcção, tremia, De alívio, Por saber que a espiral descendente de raízes inimagináveis, e ao mesmo tempo tão triviais, convergia insanamente para o ponto central da sua feminilidade, Absurdo estabelecer uma qualquer correlação egoísta e insignificante entre a sua mutilação vespertina e a morte nocturna, Porque ela existe, Já, E insiste em nos sufocar impiedosamente, Fixando-nos, para que arranquemos dos seus olhos a essência da realidade, É culpada, Merece morrer.

. every finger in the room is pointing at me . i wanna spit in their faces .

Não sem antes esvair a sua contrição num grito mudo, Ou silêncio ensurdecedor, em que se declara Vulgar, Imaculada, Estropiada, A sua soberba desvanece, porém, a cada lágrima que fere o seu rosto, Rosto, Que rosto, Desfigurado de ódio, E de horror, Porque só chegaste hoje, Tenho-te esperado a vida toda, Mas estes seus discretos pensamentos são asfixiados pelo raio que a atravessa, que carboniza o seu corpo, e o seca de sentidos, Agora só sobeja um, O Sentido, Que eu conhecia, Que tu conhecias, Mas ela não.

. i've been looking for a savior in these dirty streets . i've been raising up my hands .

. where are those angels when you need them .


Cinco horas antes, despojava-se de desassossegos redundantes e mergulhava no poço de ácido onde se sentia viva pela única vez, Mas precisamente quando se apoiava numa segurança ilusória, eis que se conjugam, na mesma bidimensionalidade, os seus sonhos mais íntimos com os pesadelos menos ferozes, Num quadrado, Do qual ela não pode sair, mas apenas tudo o resto, E a cada segundo que passa, o vácuo se torna mais incómodo, Até que explode contra as quatro paredes, Antes despidas, Agora banhadas de sangue.

. i gotta have my suffering . so that i can have my cross .

. please be . save me . i cry .


E será sempre a ambivalência que antes esquartejava, a sua nova companheira de devassidão, Agora é vê-la, Humilhada, recolher desesperadamente cada fragmento espalhado na sua apatia, na esperança vã de se elevar, Compreende-se, Mas não se aceita.

. nothing i do is good enough for you . and my heart is sick of being in chains .

Pois da mesma forma que surgiu, todo o cenário deplorável se desvaneceu em pó, No pó que a forçámos a inalar durante toda a sua vida, E sente-o, agora, nos lábios, Um travo amargo que, mordazmente, se diria que procurou, Mas choro, De piedade, Ela sou eu, Ela és tu, Ela somos todos nós, E mesmo sabendo-o, o chicote da racionalidade insiste em prolongar a flagelação alheia indefinidamente, até que um revólver aponte na nossa direcção, Hoje acordei com as mãos sujas de pólvora.

. never going back again to . you know . to crucify myself .

. everyday .