March 1, 2010

. slow motion . for what it’s worth .


Irreverente. Pé ante pé, olharem diante de si mesmos sentindo uma invisível alma de forma tão evidente, e reduzirem aquela abstinência à podridão nauseabunda do seu ser. Que ridículo. Ao fim ao cabo, não envergo essa mutação da qual eles se enchem a cada instante, Aquela que lhes permite transpor de cima abaixo a sua vegetabilidade, Adentro de um vestido nú, Ou melhor, Uma nudez vestida.


. when i'd pretend i was okay . i had so very much to say .
. about my crazy living . in an open prison .
. a heart that hurts is a heart that works .


Tal conclusão remete-me para a presente repescagem das minhas ondas opacas que, apesar de vítimas do seu Édipo, são claras, não mais, por possuírem o Conhecimento. Total. E global. Elas nasceram e morreram, delineando no seu espectro os pontos fulcrais, A sua análise não invalida o respeito, Daí a sua progressão retrógrada.

. take a look . it's all around you . so this must astound and must confound you .
. this avalanche will suffocate you .

Ora quando se pensava enfrentar uma onda, pisando a areia movediça de tamanha desinspiração, duas fases antípodas, mas tão inter-justificáveis, acompanhavam-me lado a lado, E sem mesmo trocarem entre si uma única palavra, um simples gesto, ou o poder do seu olhar, iam modelando, simbioticamente, a resposta à questão mais pré-histórica que me assolava, Quem nascera primeiro, A mediocridade que se oferecia em meu redor, Ou o germe que me consumia e propagandeava silenciosamente a iminência da sua eclosão. Diria que nada mais comparável às fases lunares, aquelas que possuo e me descrevem sempre de mãos dadas, Pois se via aquele quarto minguante despir insistentemente o meu brio ao mesmo tempo que uma fase nova se punha a quilómetros de distância, era evidente a aceleração do crescimento da angústia que ao mesmo tempo evitava a enchente de tal caos. Ou não. Possivelmente um mero malabarismo sintomático de uma pseudo-existência real. Mas será que há explicação óbvia para tal caminho percorrido e explorado, no entanto sem mapa nem destino. Ora aí é que em tudo se enganam. Sem minha simples permissão, e apenas perante uma muralha degradada, entre si eles disputavam taco-a-taco não quem nascera primeiro, mas sim quem morreria ingloriamente. Esqueceram-se, porém, que existe algo que os alimenta, que não conhecem, mas de que já ouviram falar. Dentro dessa casa habitam vários elementos enclausurados, que gritavam de desespero por verem a sua protecção à beira do fim, e escreviam a marcador permanente a justa necessidade de uma chama. Então, fez-se luz, Nada que o meu mergulho subconsciente no seio de outra onda, a segunda de tantas outras, não esbanjasse, por um lado, a dilaceração de tal vestido grotesco nem, por outro, a minha salvação daquele que há tanto tempo me acompanhava.

. i've been wasting all my time with the Devil . in the details i've got no energy to fight .

. don't leave me here . my guiding light . to pass through time . without a map or road sign .
. don't leave me here . oh no . i wouldn't know where to begin .

O sabor da segunda onda misturou a dúvida com a certeza, resultando no vácuo sedento de ser preenchido com a minha devassidão. Um desejo inócuo. Apenas ocasional. Mas irreversível. Um n’importe quoi cavava bem fundo o seu significado, aquele que, misericordiosamente, abatera uma parede vermelha sempre presente à minha frente, limpara o meu chagado físico com uma suavidade amarelada e me fizera trajar, miraculosamente, a sua espiritualidade verde. Quem diria que a sua missão me abandonaria num tabuleiro de xadrez. Sim, Aquele que me fez avançar mar adentro e afundar numa nova e esperada onda.

. no one cares when you're out on the street . picking up the pieces to make ends meet .
. and no one cares when you're down in the gutter .
. got no friends . got no lover .

À sequência ordinal número três, comummente apelidada como de vez, atribuíra inocentemente a estaca zero, a priori tão limpa, e ao mesmo tempo tão carbonizada. A sua sedentariedade de cinzas fê-la avançar de forma congruente. Ora vejamos. Não sendo eu mais que um mero peão, a certeza da vitória era esmagada a cada passo altruísta numa missão estrangeira. Tal ponto é, de certa forma, positivo. Foi daí que surgiu, galopante, o cavalo indomável no seu L. Numa ponta, qualquer que ela fosse, via-me caminhar ao longo da faca de dois gumes, não desprendendo os meus sentidos em sua direcção, Na outra, ia-me desviando meticulosamente, sem efeitos palpáveis, mas fervilhantes na minha personalidade. Touché. A determinado momento, perscrutara à minha volta, dentro do meu espaço, Intermitente à minha consciência, surgiram-me trunfos que não sabia que possuía, Mas que sempre existiram, E sem hesitar, não os larguei. E foi tal compasso que bem fez acordar a dormência de meus olhos semi- abertos.

Então, quando já me via aproximando da praia, a maré descera abruptamente, enrolando-me na areia que sempre me acolhera, mas assombrada por aquele véu esvoaçando bem alto.

. all of my wrongs . and all my wicked ways . won’t come back to haunt me come what may .

Transportado para trezentos e sessenta graus a leste, a cada momento que vai passando preciso poder esticar os meus braços e não ter de sentir as paredes que me envolvem e sufocam. Preciso sentir o álcool pulsar vibrantemente nas minhas veias, vergadas confortavelmente aos trinta e sete vírgula cinco por cento em volume. É mais do que um estado, É um microestado, Porque o primeiro é de todos, O segundo apenas meu.

. i need a change .

E não há resultados sem propaganda. Não a fiz, mas os dados foram entretanto lançados. Só resta então jogar com todas as faces gravadas, e que mesmo que voltadas para baixo, O seja. Inerente, Mas não decisivo.

. i need a change of skin .

. my killer .

. my lover .