March 1, 2010

. slow motion . for what it’s worth .


Irreverente. Pé ante pé, olharem diante de si mesmos sentindo uma invisível alma de forma tão evidente, e reduzirem aquela abstinência à podridão nauseabunda do seu ser. Que ridículo. Ao fim ao cabo, não envergo essa mutação da qual eles se enchem a cada instante, Aquela que lhes permite transpor de cima abaixo a sua vegetabilidade, Adentro de um vestido nú, Ou melhor, Uma nudez vestida.


. when i'd pretend i was okay . i had so very much to say .
. about my crazy living . in an open prison .
. a heart that hurts is a heart that works .


Tal conclusão remete-me para a presente repescagem das minhas ondas opacas que, apesar de vítimas do seu Édipo, são claras, não mais, por possuírem o Conhecimento. Total. E global. Elas nasceram e morreram, delineando no seu espectro os pontos fulcrais, A sua análise não invalida o respeito, Daí a sua progressão retrógrada.

. take a look . it's all around you . so this must astound and must confound you .
. this avalanche will suffocate you .

Ora quando se pensava enfrentar uma onda, pisando a areia movediça de tamanha desinspiração, duas fases antípodas, mas tão inter-justificáveis, acompanhavam-me lado a lado, E sem mesmo trocarem entre si uma única palavra, um simples gesto, ou o poder do seu olhar, iam modelando, simbioticamente, a resposta à questão mais pré-histórica que me assolava, Quem nascera primeiro, A mediocridade que se oferecia em meu redor, Ou o germe que me consumia e propagandeava silenciosamente a iminência da sua eclosão. Diria que nada mais comparável às fases lunares, aquelas que possuo e me descrevem sempre de mãos dadas, Pois se via aquele quarto minguante despir insistentemente o meu brio ao mesmo tempo que uma fase nova se punha a quilómetros de distância, era evidente a aceleração do crescimento da angústia que ao mesmo tempo evitava a enchente de tal caos. Ou não. Possivelmente um mero malabarismo sintomático de uma pseudo-existência real. Mas será que há explicação óbvia para tal caminho percorrido e explorado, no entanto sem mapa nem destino. Ora aí é que em tudo se enganam. Sem minha simples permissão, e apenas perante uma muralha degradada, entre si eles disputavam taco-a-taco não quem nascera primeiro, mas sim quem morreria ingloriamente. Esqueceram-se, porém, que existe algo que os alimenta, que não conhecem, mas de que já ouviram falar. Dentro dessa casa habitam vários elementos enclausurados, que gritavam de desespero por verem a sua protecção à beira do fim, e escreviam a marcador permanente a justa necessidade de uma chama. Então, fez-se luz, Nada que o meu mergulho subconsciente no seio de outra onda, a segunda de tantas outras, não esbanjasse, por um lado, a dilaceração de tal vestido grotesco nem, por outro, a minha salvação daquele que há tanto tempo me acompanhava.

. i've been wasting all my time with the Devil . in the details i've got no energy to fight .

. don't leave me here . my guiding light . to pass through time . without a map or road sign .
. don't leave me here . oh no . i wouldn't know where to begin .

O sabor da segunda onda misturou a dúvida com a certeza, resultando no vácuo sedento de ser preenchido com a minha devassidão. Um desejo inócuo. Apenas ocasional. Mas irreversível. Um n’importe quoi cavava bem fundo o seu significado, aquele que, misericordiosamente, abatera uma parede vermelha sempre presente à minha frente, limpara o meu chagado físico com uma suavidade amarelada e me fizera trajar, miraculosamente, a sua espiritualidade verde. Quem diria que a sua missão me abandonaria num tabuleiro de xadrez. Sim, Aquele que me fez avançar mar adentro e afundar numa nova e esperada onda.

. no one cares when you're out on the street . picking up the pieces to make ends meet .
. and no one cares when you're down in the gutter .
. got no friends . got no lover .

À sequência ordinal número três, comummente apelidada como de vez, atribuíra inocentemente a estaca zero, a priori tão limpa, e ao mesmo tempo tão carbonizada. A sua sedentariedade de cinzas fê-la avançar de forma congruente. Ora vejamos. Não sendo eu mais que um mero peão, a certeza da vitória era esmagada a cada passo altruísta numa missão estrangeira. Tal ponto é, de certa forma, positivo. Foi daí que surgiu, galopante, o cavalo indomável no seu L. Numa ponta, qualquer que ela fosse, via-me caminhar ao longo da faca de dois gumes, não desprendendo os meus sentidos em sua direcção, Na outra, ia-me desviando meticulosamente, sem efeitos palpáveis, mas fervilhantes na minha personalidade. Touché. A determinado momento, perscrutara à minha volta, dentro do meu espaço, Intermitente à minha consciência, surgiram-me trunfos que não sabia que possuía, Mas que sempre existiram, E sem hesitar, não os larguei. E foi tal compasso que bem fez acordar a dormência de meus olhos semi- abertos.

Então, quando já me via aproximando da praia, a maré descera abruptamente, enrolando-me na areia que sempre me acolhera, mas assombrada por aquele véu esvoaçando bem alto.

. all of my wrongs . and all my wicked ways . won’t come back to haunt me come what may .

Transportado para trezentos e sessenta graus a leste, a cada momento que vai passando preciso poder esticar os meus braços e não ter de sentir as paredes que me envolvem e sufocam. Preciso sentir o álcool pulsar vibrantemente nas minhas veias, vergadas confortavelmente aos trinta e sete vírgula cinco por cento em volume. É mais do que um estado, É um microestado, Porque o primeiro é de todos, O segundo apenas meu.

. i need a change .

E não há resultados sem propaganda. Não a fiz, mas os dados foram entretanto lançados. Só resta então jogar com todas as faces gravadas, e que mesmo que voltadas para baixo, O seja. Inerente, Mas não decisivo.

. i need a change of skin .

. my killer .

. my lover .

January 11, 2009

. he was a diver and he was always down .


Ironicamente, bastara-lhe apenas uns escassos minutos para ter aquela nova história desvendada integralmente na sua mente, Com um mesmo início, Um mesmo fim, Mas de contornos delineados por um lápis completamente diferente.

. à chaque seconde les bifurcations sont multiples . chacune d'elles irréversibles .

Dir-se-ia que a sua extremidade se encontrava aguçada, como um bisturi, Pois a cada linha traçada no seu corpo, um fio de sangue chorava directamente do seu âmago, num choro de felicidade, que por sua vez canalizava um vómito para o coração, conscientemente alheio às cicatrizes que então o povoavam, e que ficariam para sempre marcadas na sua memória.

. parce que l'amour est source de vie .

Afora uma qualquer utopia desenhada a carvão, ele saberia distinguir inequivocamente o verde do vermelho, qual yin e yang, e verter toda a sua cadência de forma linear e segura, Mas na sua essência algo apodrecera, Uma ambivalência de sombra colorida tornara-se entretanto infiel aos seus desejos mais viscerais, E fora precisamente nessa peculiar coordenada que tudo mudara. No seu referencial da emocionalidade, o desejo passou a ser o Desejo, e a sua possibilidade invertera. A partir desse instante, foi ver-se correr desenfreadamente à volta da sua esfera periférica, sem ter a mínima noção de que, quilómetros volvidos, se iria descobrir no mesmo ponto, e que nunca alcançaria o seu novo Eu, Não porque a sua possibilidade invertera, Mas apenas porque a ignóbil impossibilidade se mantivera.

. parce que les prémonitions ne changent pas le cours des choses .

Então ele mesmo, que antes sempre fora o aliciado para fora do seu equilíbrio, descrevia agora no chão circunferências cada vez maiores, todas centradas em si, na esperança óbvia de conseguir circunscrever a sua avidez, E subjugá-lo, Mas a cada nova figura desenhada, mais longe do seu centro seguro se afastava, E ao tentar regressar, esse espaço fora entretanto ocupado, pelo Egocentrismo sórdido, à volta do qual se via agora gravitar, Sim, Porque se este por um lado o repelia nojentamente, por outro não lhe dava a merecida alforria.

. parce que l'homme est un animal .

Mas ao tentar resolver essa inequação em ordem a (x-y), conferiu que a dimensão do seu afastamento tendia para menos infinito, Contudo, uma divisória entre ambos era bastante evidente, apesar da espessura ínfima, mas que fazia no entanto toda a diferença. Adicionalmente, o exponencializar da sua possibilidade efémera dera como resultado zero, Matematicamente impossível, Mas estupidamente real, Porque é uma parede, através da qual tanto gritara, Em vão, Ora sem obter resposta, Ora recebendo apenas um ricochete de desprezo insólito, incompreensão óbvia e um cinismo absurdo.

. parce que certains actes sont irréparables .

Corolariamente, a antes evidente intensidade estagnara por completo, Pois a sua essência fora entretanto esmagada por uma obsessão, possuída de tal forma que o ia consumindo de modo visível a olho nu. Tudo porque ele já não era definitivamente o mesmo. Mas o ridículo da situação assaltava, no entanto, a sua consciência, que se ria sarcasticamente do fel que enchia a sua boca, e ao mesmo tempo reduzia a sua personalidade à cegueira humana, E logo a este lixo, que ele tanto abominava e do qual se desviava constantemente.

. parce que la perte de l'être aimé détruit comme la foudre .

Contudo, o que momentaneamente se tornara irreversível, teve de súbito uma solução, Uma bem-aventurança materializada numa figueira que o olhava sedutoramente, Então, com uma postura solene, não obstante sublime, dirigiu-se para ela com a corda na mão, E como se de um ritual sagrado se tratasse, atou fortemente a sua ponta ao ramo mais viril, enrolou-a ao seu pescoço, e deixou-se resvalar pelo precipício da sua intimidade.


Com a sua cabeça agora nas mãos, é altura de se perguntar, Mas onde esteve a sua racionalidade, Aquela que lhe teria garantido que a conversão das suas emoções seria máxima se a sinceridade entrasse com o excesso adequado, Porque não basta o sofrimento ter as dimensões mínimas para catalisar nessa direcção e diminuir a porosidade da sintonia que os separava, Seriam necessárias, sim, uma permuta adequada para não extinguir a reacção que se previa em fase heterogénea, e uma atmosfera inerte o suficiente para que o vácuo não consumisse a evidente intensidade.

. la flèche ne va que dans un sens .

Mas na verdade, a racionalidade tinha sido inconscientemente ignorada, E perdera-se a montante da sua viagem, no resíduo da destilação das suas atitudes.

. parce que le temps révèle tout .

Agora ele ri-se de tamanha estupidez, Mas qual estupidez, Ele tinha era sonhado exaustivamente, De tal modo que todo o seu corpo e mente estavam completamente entorpecidos, E por mais que então tentasse relembrar os pormenores dessa história, só conseguia trazer à sua consciência uma única cena, Precisamente aquela durante a qual ele tinha voltado ao seu próprio Eu, e vomitado a palavra esgotei. Porque nada es sencillo. Sou bastante racional. Mas nada es sencillo.

. parce que le temps détruit tout .

. le meilleur et le pire .

December 13, 2008

. strange what love does .


Hoje vejo tudo de outra forma.

De um modo distorcido, algo noir, mas diferente, E isso basta-me.

. a story of a mystery . a mystery inside worlds within worlds . unfolding around me .

. in search of myself .


Cegamente invado o meu lugar escondido, percorrendo com as minhas mãos os muros frios, em busca das chagas que engolem avidamente os resquícios de uma antiga realidade, Procuro certificar-me que cada palmo de terra colmatou proficuamente esses abusos e me reduziu, sensorialmente, a esta irreversibilidade caótica, Orgulho-me, Mas não é suficiente.

. i’m in trouble .

E do desequilíbrio decorre a minha essência, Pois a cada segundo latejante, a balança irascível pende toda a sua pujança para o precipício da minha intimidade, intentando alucinadamente bater no fundo e preencher o vácuo com os fragmentos que a alimentam, Não são mais que as experiências insanas que gravitam hesitantemente em meu redor, Atraídas pela minha complexidade, Repelidas pela razão.

. a key to a mystery lies somewhere .

Ao mesmo tempo, recebo de mão beijada uma panóplia de emoções encerradas numa caixa preta, opaca, O desespero é por demais evidente, Mas nem a prepotência de um impulso, por si só, conseguiria desencarcerar essas pequenas peças, Que caídas ao chão resolveriam instantaneamente um puzzle, de uma fisionomia deveras conhecida, e que colocado lado a lado, se fundiria comigo num só, No eu, Ainda despido, Mas no Eu.

. who the hell are you? .

E munido desta certeza, apenas encontro forças para atirar displicente a caixa contra a parede, Mas ao invés da eclosão esperada, abriu-se um buraco, através do qual a caixa passou e desapareceu, Uma luz psicadélica invade agora o meu espaço, atenuando sobriamente o estado de embriaguez mental que me guiava dia após dia, Espreito pela abertura, Não vejo a caixa, Mas vejo alguém, Vejo-me exactamente do outro lado espionando curiosamente o interior do meu próprio espaço privado, Estico o meu braço na esperança de me agarrar, Mas subitamente desapareci, Tal e qual como surgi, E recuo, Languidamente, Desta vez para a semi-escuridão, que agora me permite ver sem constrangimentos, Tanto que sem hesitar, Descentralizo o meu pensamento, Evacuo a inércia, E sigo em frente, Através das divisórias que eu próprio construí.

. wasn’t that great? .

. it's a strange world .

Já cá fora, vagueio absorto por entre a multidão louca, E insegura, que tanta vez ouvira chamar por mim, mas que agora não se apercebe, contudo, da minha presença, Paro algures e vomito toda a minha singularidade impenetrante, Para que sintam o seu erotismo libidinoso, E anseiem tocar-lhe, Sexualmente, Mas no chão, não muito longe, distingo uma caixa, A minha caixa, Já não é preta, opaca, É transparente, E dentro dela posso ver o turbilhão que me espera, impaciente, desde que me foi entregue numa bandeja, Corro para a apanhar, mas escorrego, Vergonhosamente, no meu próprio vómito, E a cada passo que dou, a multidão parece desfigurar, crescer em tamanho e violência, E impede-me, sadicamente, de a alcançar, Pelo menos a tempo de a salvar da destruição selvagem a que é sujeita pelos seus pés profanos, Agora é recolher, paciente, os fragmentos que definham na calçada, e correr com eles nas minhas mãos para os alimentar à balança, Estupidamente, Porque como se de vontade própria fossem dotados, escapam-se-me por entre os dedos, e voltam novamente a gravitar à minha volta, soltando risos sarcásticos mas autênticos, Tento desvairadamente agarrá-los, mas a sua velocidade de translação é superior à rotação da minha impossibilidade, Prostro-me, então, de joelhos na calçada, E mordo a língua, tantas vezes como cada som que me ecoa cerebralmente, Sinto um fio quente e vermelho escorrer-me tacitamente pelo canto da boca, e choro, Mas entretanto algo se aproxima, me seca as lágrimas e lambe o sangue que vou perdendo, Abandono o meu olhar desencantado e reencontro quem me espiava e me fugira abruptamente.



Confuso, observo então à minha volta, As peças que me orbitavam desapareceram, Encontraram-se, Para formar o monstro que agora me abraça e me pede secretamente, Dá-me o teu corpo, Dei, E pela primeira vez não tive medo.

. this is a story that happened yesterday . but i know it's tomorrow .

Agora, nada mais excitante que poder atravessar o abismo absoluto pisando a corda bamba da minha racionalidade, Reconhecer que os vestígios de uma ténue mediocridade que me parasitava padeceram da disfunção emocional, E morreu, Resta-me, então, seguir a linha imaginária de olhos vendados, onde um simples passo vale tanto como mil palavras, Se me equilibrar, sobrevivo, Se cair, viverei intensamente.

. i like to remember things my own way . how i remember them . not necessarily the way they happened .

Conforta-me, todavia, poder ajustar perfeitamente uma correlação racional aos devaneios silenciosos que fui espraiando ao longo da minha existência, pois aí sei que não me anulei, e que algures pude inverter a tendência, e explodir exponencialmente na minha potencialidade.

Essencialmente, preciso da esquizofrenia no red level.

. in the future .
. you’ll be dreaming .
. in a kind of sleep .
. when you’ll open your eyes .
. someone familiar will be there .

December 4, 2008

. what's wrong with this picture? .


Com uma faca cravada no peito, surgiu à minha frente, Nem nos meus pesadelos mais surreais concebera uma fisionomia tão hedionda, Ao mesmo tempo tão viciante, mas indubitavelmente familiar, Um rosto cru, desprovido de expressão, mas vivo, O suficiente para se mover, Electricamente, na minha direcção.

. it's in your reach . concentrate .

. (we need to concentrate on more than meets the eye) .

Cada passo seu ia descentralizando vertiginosamente o meu magnetismo, reduzindo a cinzas toda a arrogância pestilenta, Que antes nunca conseguira despir, mas que agora me virava formalmente as costas, Não que a esperasse ao meu lado, munida de uma armadura e pronta a sacrificar-se por mim, Apenas a sentia como minha, Mais que nunca, neste preciso momento, E assim discorrendo, em vão, em tais paradoxos, verguei-me à letargia fatal, Pois com uma simplicidade diabólica, e até hoje inexplicável, veria como com a sua mão se desembaraçava suavemente do objecto cortante para com ele me apunhalar num ímpeto, Apesar da dor excruciante se difundir lentamente por todas as minhas artérias, veias, capilares sanguíneos, eis que chegada à medula, Parou, Um silêncio, Meu, Teu.

. i was never faithful . and i was never one to trust .

. borderlining schizo . borderline bipolar .

. i was never loyal . except to my own pleasure zone .

. i was never grateful . that's why i spent my days alone .


Porquê, indaguei, Porque mereces, replicou, Que mal te fiz, Existes, E esse facto importuna-te, Mais que tudo o resto nesta merda de mundo, Se este mundo é a merda que alegas, então devo ser imundo, Se fosses só imundo não me perturbavas, foi sim a tua insanidade condescendente que me fez enterrar esta faca duas vezes, Então qual o significado de me golpear com a mesma arma, Para que o nosso sangue se misture e te salve.

. if you deny this . then it's your fault . that God's in crisis . He's over .

. i was hanging from a tree . unaccustomed to such violence .

. haemoglobin is the key . to a healthy heartbeat .

E foi com estas palavras que activaste o teu antídoto, um implacável formigueiro que percorria as minhas vísceras de modo pulsante, Essa adrenalina imediata, Uma inevitável ascensão, A esperada bem-aventurança, Foi esta a senda percorrida desde as catacumbas infernais até ao Jardim do Éden, O proclamado Paraíso que não conhecia e agora me beliscava os olhos de forma contundente, É este o lugar que todos procuram, Onde se vive harmonicamente, sem conflitos, E por cada frame esboçado no meu horizonte, uma nova sensação se apoderava de mim, Desde a Estranheza ao Vómito, É degradante, Asfixia, Revolta, Como podem enaltecer a cegueira indulgente destas criaturas em detrimento da imprevisibilidade fervilhante do Inferno, Aquele que queima para que nos mantenhamos desvelados, Para que vivamos desmedidamente cada segundo e reneguemos o destino inexorável, A eternidade apática repudia-me, Quero a intensidade efémera.

. every time i rise . i see you falling .

. can you find me space inside your bleeding heart .

Meras idiossincrasias, Talvez, Mas precisamente quando a minha alma parecia predisposta a renunciar ao seu corpo, abri os olhos e sacudi a inércia, Compus-me, comme il faut, e com um murro seco desfiz o espelho à minha frente.

. it falls apart .

. (but it's you i take 'cause you're the truth not i) .

November 25, 2008

. swallowed in the shadows that glow .


Como se um revólver apontasse na sua direcção, tremia, De alívio, Por saber que a espiral descendente de raízes inimagináveis, e ao mesmo tempo tão triviais, convergia insanamente para o ponto central da sua feminilidade, Absurdo estabelecer uma qualquer correlação egoísta e insignificante entre a sua mutilação vespertina e a morte nocturna, Porque ela existe, Já, E insiste em nos sufocar impiedosamente, Fixando-nos, para que arranquemos dos seus olhos a essência da realidade, É culpada, Merece morrer.

. every finger in the room is pointing at me . i wanna spit in their faces .

Não sem antes esvair a sua contrição num grito mudo, Ou silêncio ensurdecedor, em que se declara Vulgar, Imaculada, Estropiada, A sua soberba desvanece, porém, a cada lágrima que fere o seu rosto, Rosto, Que rosto, Desfigurado de ódio, E de horror, Porque só chegaste hoje, Tenho-te esperado a vida toda, Mas estes seus discretos pensamentos são asfixiados pelo raio que a atravessa, que carboniza o seu corpo, e o seca de sentidos, Agora só sobeja um, O Sentido, Que eu conhecia, Que tu conhecias, Mas ela não.

. i've been looking for a savior in these dirty streets . i've been raising up my hands .

. where are those angels when you need them .


Cinco horas antes, despojava-se de desassossegos redundantes e mergulhava no poço de ácido onde se sentia viva pela única vez, Mas precisamente quando se apoiava numa segurança ilusória, eis que se conjugam, na mesma bidimensionalidade, os seus sonhos mais íntimos com os pesadelos menos ferozes, Num quadrado, Do qual ela não pode sair, mas apenas tudo o resto, E a cada segundo que passa, o vácuo se torna mais incómodo, Até que explode contra as quatro paredes, Antes despidas, Agora banhadas de sangue.

. i gotta have my suffering . so that i can have my cross .

. please be . save me . i cry .


E será sempre a ambivalência que antes esquartejava, a sua nova companheira de devassidão, Agora é vê-la, Humilhada, recolher desesperadamente cada fragmento espalhado na sua apatia, na esperança vã de se elevar, Compreende-se, Mas não se aceita.

. nothing i do is good enough for you . and my heart is sick of being in chains .

Pois da mesma forma que surgiu, todo o cenário deplorável se desvaneceu em pó, No pó que a forçámos a inalar durante toda a sua vida, E sente-o, agora, nos lábios, Um travo amargo que, mordazmente, se diria que procurou, Mas choro, De piedade, Ela sou eu, Ela és tu, Ela somos todos nós, E mesmo sabendo-o, o chicote da racionalidade insiste em prolongar a flagelação alheia indefinidamente, até que um revólver aponte na nossa direcção, Hoje acordei com as mãos sujas de pólvora.

. never going back again to . you know . to crucify myself .

. everyday .

November 21, 2008

. you nearly killed me .


E desconfiar que cada instante serviu apenas para alimentar essa chama, A chama que queimava os meus olhos, Que por sua vez fixavam a tua boca enquanto ela expulsava os nossos demónios num desvario leve, Vendo como eles se abraçavam de forma pungente, E dançavam um ritmo macabro, Incessantes risos de escárnio que atingiam o meu âmago como gotas de ácido, Não sou neutro, Mas neutralizaram-me, Em segundos, Por segundos.

. hear me out . day follows day . light turns to clay in my hands .

E não há materialização mais sóbria da tua incandescência efémera que as garras que sem o saberem, Sem o quererem, me iam dilacerando a pele e expondo toda a carne que vias, Sim tu vias, Que era viva e apodrecia a olhos vistos, Sem sangue, Não escorria, Porque não tinha que escorrer.

. how to explain . so pristine the pain . it was kindness made the cut so clean .

Há quem diga que perdemos vinte e uma gramas no momento da morte, Perdi vinte e duas, Agora, Não morri, Porque vinte e um menos vinte e dois é impossível no mundo corpóreo, Porque não quero transcender, Quero prender-me à terra, Onde os meus pés estão apoiados, Mas não a sentem, Porque ela existe, Eu não.

. hear me out . you wanted to me to be less your love than a mirror .

É como um fantasma que se materializa entre nós, Disse fantasma, Desculpa, Parede, Indivisível, Como antes era o átomo, Do qual é feita a carne que agora vislumbras, Sou insistente, Desculpa, Não me conheces, Isso consola-me e consome-me, Mais que o teu ácido, que agora comparado, é como algodão doce na minha boca, Desfaz-se, Mas é inócuo, Estranho.

. can't you see what you mean to me? . (even promises may bleed) .

Duas vezes me desculpei, Notaste, Mas não estranhaste, Porque sabes que sou culpado, Por isso me reduzo, de joelhos, à minha essência, Que tanto abominas, Que te induz o vómito seco e agonizante, É o denominador comum de todas as fracções irredutíveis que o machado da consciência teima em não quebrar, Quem disse que não era possível, Posso mostrá-lo sem recorrer a corolários matemáticos, Pois é isso que faço aqui, Agora, Não percebes, Ignorante, Puto sou eu que despejo, inglório, o meu tempo no esgoto onde me encontraste e onde teimas em me afundar sem largar a minha mão, É justo, Talvez, Mas implode na minha alma a certeza de que cada instante, Apenas, E só, serviu para alimentar essa chama.

. the hours grow heavy . and hollow . and cruel as a grave .

. open me . you'll find only bones burned to glass .

. i still care for you .